Problemas com o Jogo
Agosto 22, 2011
O jogo é, para a maior parte dos indivíduos, uma actividade social exercida com moderação, com uma duração de tempo limitada e com perdas monetárias pré-determinadas aceitáveis.
Os problemas relacionados com o jogo prendem-se com as inúmeras dificuldades que os indivíduos podem ter ao tentar limitar o dinheiro e o tempo que pretendem dedicar ao jogo. As dificuldades podem evidentemente ter consequências prejudiciais para o jogador, para os que convivem com eles e para a comunidade em temos mais gerais.
Existem várias expressões para fazer referência aos problemas provocados pelo jogo.
Usamos, deste modo, os seguintes termos:
Adicção do jogo
Jogo compulsivo
Jogo patológico
Ludopatia
Vício do jogo
Os problemas relacionados com o jogo vão muito além da perda de dinheiro. Prendem-se também com a forma como pode afectar toda a vida de uma pessoa.
O jogo envolvendo dinheiro torna-se um problema quando começa a interferir com a vida pessoal, quer seja no trabalho, estudos ou outras actividades, quer seja na vida familiar ou noutras relações humanas, e dar origem a problemas de ordem financeira, emocionais e de saúde.
São vários os graus entre os indivíduos e o jogo, dependendo do tipo de relações que os une, sendo que nos referimos a cada um dos casos da seguinte forma:
– Inexistência de jogo: os indivíduos não jogam;
– Jogo social ocasional: os indivíduos jogam ocasionalmente por diversão;
– Jogo social grave: os indivíduos jogam regularmente, sendo que o jogo, neste caso, constitui a sua maior diversão, embora dêem a prioridade os seus familiares e aos seus amigos;
– Envolvimento nocivo: nestes casos, o jogo já provoca para os indivíduos algumas dificuldades relativamente à sua família, aos seus amigos, ao seu emprego e às suas actividades em geral;
– Jogo patológico: nestes casos, o jogo dá origem a graves prejuízos no que diz respeito à vida pessoal, social e profissional dos indivíduos; estes últimos são, aliás, controlarem-se em relação ao jogo, embora possam ter consciência dos prejuízos por ele provocados. O jogo é para estes indivíduos uma forma de escaparem aos problemas a que são confrontados nas suas vidas e de acalmarem a sua ansiedade.
– O conjunto de jogadores pode ser divididos em três grupos distintos.
O primeiro grupo – jogador-problema “normal” –
reúne jogadores que não sofrem necessariamente de problemas psicológicos. Trata-se de jogadores que têm uma visão distorcida do jogo depois de um ganho ou de uma consciência errada sobre as verdadeiras probabilidades de ganhar.
O segundo grupo – jogador “emocionalmente vulnerável” –
reúne jogadores que sentem dificuldades em controlar o seu stress e a sua ansiedade, sendo que o jogo serve, nestes casos, como uma compensação emocional.
O terceiro grupo – jogador de “base biológica” –
reúne os jogadores que padecem de uma disfuncionalidade neurobiológica, sendo as causas por trás dela são várias. O tratamento para este tipo de jogadores encontra-se assim dificultado.
A influência do jogo sobre a vida dos indivíduos varia de pessoa para pessoa.
Nem existem necessariamente pontos em comum entre todas as pessoas que jogam excessivamente, nem entre os problemas a que são confrontados. Estes problemas relacionados com o jogo não se limitem a um tipo específico de indivíduos. Todas as faixas etárias, classes sociais, culturas e profissões são abrangidas por estes problemas. Alguns sucumbem mais rapidamente do que outros, sendo que, em certos casos, alguns indivíduos desenvolvem este tipo de dependência apenas depois de muitos anos.
São várias razões por trás do problema do jogo. Muitos começam a ter um problema com o jogo quando tentam recuperar o dinheiro que perderam; outros porque gostam da adrenalina inerente ao jogo; outros porque levam uma vida complexa com grau de ansiedade elevado, encontrando deste modo uma escapatória no jogo.
Factores de riscos:
Embora cada jogador seja um jogador à parte, existem de facto vários factos que podem levar ou ainda agravar problemas relacionados com o jogo.
O número de cuidados que um indivíduo deve ter deve ser proporcional ao número de factores que reúne dos factores mais abaixo mencionados:
– Um ganho monetário importante aquando das primeiras vezes de jogo;
– Problemas de dinheiro;
– Uma perda recente provocada pela morte, por um divórcio, pelo desemprego, por exemplo;
– A solidão e os momentos de aborrecimento;
– Uma falta de esperança relativamente à vida;
– Uma personalidade que gosta de arriscar, uma personalidade impulsiva;
– A visão do jogo como um refúgio, uma escapatória face a problemas;
– Problemas psicológicos, tais como a ansiedade ou ainda a depressão;
– Experiências de vida traumatizantes;
– Um histórico de problemas com o álcool, com drogas, com outros jogos a dinheiro ou ainda gastos excessivos;
– Uma visão errada sobre as probabilidades de ganho;
– O jogo sem nenhum controlo dos ganhos e das perdas.
Os grupos de risco
As investigações levadas a cabo sobre os problemas relacionados com o jogo parecem indiciar que existem determinados grupos com um maior risco de desenvolver este tipo de problemas e de sofrerem das consequências do tipo de comportamentos associados a estes problemas.
Como já foi anteriormente mencionado, trata-se de um problema que abrange todas a faixas etárias, sendo a verdade que os mais novos são mais sensíveis a estas questões. Os riscos são duas vezes maiores para os adolescentes em comparação com os adultos.
Os adolescentes:
O jogo torna-se atractivo para os adolescentes, e isto porque é de fácil acesso, é considerada como forma de diversão, de rapidamente aceder a uma vida melhor e o factor “risco” que incorpora e que seduz incrivelmente os mais jovens, sendo que as consequências sociais, educacionais e emocionais são gravíssimas. Muitos dos adolescentes que geralmente jogam a este tipo de jogos caracterizam-se por um desempenho académico ou profissional fraco, problemas de ordem psicológica, problemas com o álcool ou outras drogas ou ainda um comportamento de alto risco.
Não podemos porém afirmar que se trata, neste caso, quando relacionado com jovens adolescentes, de um problema para toda a vida.
Os reformados:
Este grupo ultrapassa em temos numéricos o grupo precedentemente abordado. O grupo de facto representado pelos reformados constitui um grupo muito importante para a indústria do jogo. Constitui efectivamente um mercado importante, daí existir estratégias e campanhas publicitárias especificamente para esta faixa etária.
Não formam o grupo mais afectado pelos problemas ligados ao jogo, isto devido aos seus rendimentos. Porém, quando existe uma dependência ao jogo, as consequências são gravíssimas, visto conhecerem limitações no que diz respeito à recuperação do dinheiro perdido.
Os indivíduos que correm um maior risco dentro deste grupo são aqueles que se encontram isolados e sozinhos após, por exemplo, a perda de um ente querido, que sofrem de problemas de saúde.
Os novos imigrantes:
Os novos imigrantes formam um grupo que é também ele extremamente sujeito aos problemas do jogo, e isto por causa do stress provocado pela imigração, pelas suas relações sociais e familiares enfraquecidas, pela solidão e pelo isolamento, por dificuldades financeiras, por causa dos desafios profissionais, das barreiras linguísticas e culturais ou porque desejam rapidamente alcançar o sucesso financeiro.
Os indivíduos com rendimentos baixos:
São escassas as informações sobre o comportamento das pessoas com baixos rendimentos relativamente ao jogo.
Podemos porém afirmar que, embora este grupo tenha as maiores probabilidades de poder desenvolver este tipo de problemas, também é o grupo com menores probabilidades de jogar. Jogam menos porque não usufruem de um ordenado para tal. Há, no entanto, pessoas com baixos rendimentos que jogam, sendo que as consequências deste tipo de atitude pode dar origem a graves problemas financeiros.
As mulheres:
As mulheres jogam menos a jogos a dinheiro do que os homens. Porém, quando o fazem, os problemas tendem em ser inúmeros e a acontecer mais rapidamente do quando se trata de homens, visto existir uma diferença entre os ordenados das mulheres e o dos homens. As pressões impostas às mulheres, sobretudo as que se prendem com a pobreza mais velhas e às mães solteiras, levam-nas a arriscarem e a jogarem.